quarta-feira, 2 de abril de 2008

triporto: Centralismos futebolisticos...

...ou então as diversas formas de tratamento existentes na justiça portuguesa...


Estou a falar naturalmente das notícias que tanto tem excitado mentalmente muita gente deste nosso paísinho que tanto clama por justiça desportiva (quando lhes convém) mas raramente o faz quando os assuntos envolvem crianças vitimas de abusos sexuais ou autênticos roubos perpretados em autarquias de uma qualquer capital...


Convém recordar alguns factos importantes que para alguns não passam de teorias de conspiração mas para mim explicam muita coisa:


  • Existem escutas publicas que provam as pressões exercidas pelo presidente do benfica (mais conhecido por glorioso) sobre um dos arguidos no processo (Valentim Loureiro) relativamente a escolhas de árbitros;
  • Mesmo com essas escutas nunca foram abertos quaisquer inquéritos relativamente a isso o mesmo não sucedendo com as restantes;
  • O PGR, Sr. Pinto Monteiro (famoso por "gostar" dos policias do Porto) decide criar uma equipa especial gerida por Maria José Morgado (Mizé para os amigos ou simplesmente "Morgadinho Justiceira");
  • O mesmo PGR informa que até ao final do ano tem que haver resultados (leia-se levar Pinto da Costa a tribunal a bem ou a mal);
  • São reabertos processos já arquivados com base num livro escrito por uma "Santa" que uns meses antes afirma perante as câmaras de televisão que tinha mandatado certos indivíduos para executarem um "serviço", leia-se agressões a Ricardo Bexiga;
  • Apesar disso a "santa" continua por aí nas suas plásticas e festas do jet-xunga lisboeta como se nada se tivesse passado, e isto porque a D. Mizé decide que não existem indícios suficientes para uma acusação (?!), logo arquiva o processo;
  • Durante todo o período de investigação por parte da "super-equipa-especial" liderada pela D.Mizé existem semanalmente fugas de informação para a comunicação social, mas por estranho que pareça é quase sempre a mesma jornalista, Tânia Laranjo, a publicar as mesmas...
  • Já agora, e isto em jeito de revista cor-de-rosa, sabiam que...D. Mizé é casada com Saldanha Sanches, o conhecido fiscalista, adepto benfiquista, amigo pessoal do presidente luisinho do benfica e conhecido anti-portista? E que a D. Mizé é grande amiga de (advinhem...)...da Tânia laranjo...sim..essa mesma...a que falei há pouco....E já que estamos numa de casais também completamos o ramalhete e dizemos que a Tânia Laranjo é casada com Eugénio Queirós, conhecido pelas suas diarreias orais quando o assunto envolve Pinto da Costa...que por sua vez é amigo de Leonor Pinhão, conhecida benfiquista e anti-portista que por sua vez é casada com João Botelho, o famoso realizador do "esgoto" de filme intitulado "Corrupção"...
  • Não sei se repararam mas existe algo em comum nesta gente toda que referi em cima: benfica... e naturalmente uma vontade de destruir aquele que nas ultimas décadas os tem deixado com uma azia permanente...
  • Bem, continuando...entretanto aparece em cena a irmã da "Santa" que acusa um dos inspectores da equipa liderada pela D. Mizé, de ter "auxiliado" a "Santa" na elaboração do best-seller...actualmente pouco se sabe sobre o decorrer dessa investigação, o que não deixa de ser estranho pois foi com base no livro que foram reabertos os processos...mas enfim...
  • Para terminar pois isto já cansa, convém referir que se ficou a saber que o luisinho do benfica deu 20 000 euros para a publicação do livro e que Fernanda Freitas, que colaborou na execução do mesmo, veio mais tarde denunciar alterações ao texto original...

Estes são algumas curiosidades e factos relacionados com este caso que como disse podem explicar o ataque cerrado e a celeridade em condenar as pessoas que atacam os nossos interesses...


De seguida irei reproduzir um comentário efectuado no blogue "http://portistasdebancada.blogspot.com/" a 31 de Março de 2008, que relata de forma sucinta um dos maiores escândalos dos últimos anos no futebol português e que ao contrário de outras situações já do conhecimento publico, nunca foram alvo de inquéritos por parte da "máfia" centralista afecta ao clube da capital do Império...



Encarnado e amarelo - as cores da honestidade desportiva

Estamos perto de garantir o tri-campeonato mas se tivesse existido verdade desportiva estaríamos seguramente a um pequeno passo de festejar o hexa.

No ano horribilis de 2005 aconteceu aquele que foi o maior roubo da história do futebol português e curiosamente ou não o produto desse assalto foi mais uma vez para os bolsos do mesmo clube de sempre. Mas já lá vamos.

Decorria o ano de 1999 quando Luís Filipe Vieira, à época Presidente do Alverca pensou na melhor forma de entrar no Sport Lisboa e Benfica e com isso atingir o grau de notoriedade financeiro e pessoal que essa função trás. Para conseguir esses objectivos e como estava associado a uma “amizade” com Pinto da Costa tratou de inventar um testa de ferro de seu nome Manuel Vilarinho. Mas para isso teria primeiro de arredar João Vale e Azevedo da presidência do clube encarnado. O advogado que tinha granjeado grande apoio da massa associativa muito por força do seu discurso populista anti-porto, era um empecilho, uma pedra no sapato. Roubar o Benfica nunca foi problema para ninguém a não ser quando alguém quer tomar o lugar que proporciona em Portugal mais vantagens do que ser Presidente da República. Começam então as manobras de bastidores que levaram à prisão de Vale e Azevedo por alegados e mais tarde provados (?) desvios de dinheiro. Mas deixemos essa vertente da conspiração para os outros – o que nos interessa aqui é apurar outras jogadas extra-desportivas. Afastado Vale e Azevedo era altura de colocar na presidência o seu testa de ferro – nada mais fácil depois de uma autêntica guerra na imprensa onde começaram a aparecer as mais variadas provas contra o advogado. A opinião pública e o universo benfiquista estava assegurado - Vale era um ladrão… Manuel Vilarinho é eleito em 2000 com o apoio de Luís Filipe Vieira, presidente do Alverca – clube satélite do Benfica, cargo que acumulou com o de director do SLB até meados de 2003 ainda que com funções um pouco nebulosas. Durante esses três anos de mandato de Vilarinho foi notório que quem mandava de facto era LFV e já se sabia de antemão que era uma questão de tempo até este subir ao poder.

Entretanto, e como presidente do Alverca, LFV foi fazendo jogadas de charme para com os associados benfiquistas de forma a que o seu passado com o cachecol azul e branco fosse rapidamente esquecido. Atacou o FC Porto, o seu presidente, os adeptos azuis e brancos e como cereja ofereceu Pedro Mantorras ao SLB . O jogador que com 17 anos jogava com uma enorme pujança física no Alverca e que segundo LFV valeria 90 Milhões de euros. De outra forma seria impossível que este empresário ligado às mais diversas actividades económicas (…) fosse eleito em 2003 depois da desistência de Vilarinho em continuar o projecto a que se tinha proposto. Não surpreendeu o sentido de voto. Dizia Vilarinho, que para tornar o Benfica campeão, só com um homem como LFV nos comandos do clube encarnado. Os adeptos sedentos de vitórias concordaram e assim começou “oficialmente” o reinado.

Poderíamos escalpelizar os contornos duvidosos da transferência do angolano para a Luz, as contas que ficaram por saldar com a SAD ribatejana, a constituição de uma SAD que beneficiou todos menos o próprio Alverca, os jogos deste clube de 1999 a 2003 com o Benfica e outras histórias que circulam nos corredores do futebol português, mas aqui a questão é voltarmos ao primeiro parágrafo deste texto – “se tivesse existido verdade desportiva estaríamos seguramente a um pequeno passo de festejar o hexa”.

Dois anos depois de ter chegado à presidência do SLB, LFV já desesperava por não conseguir cumprir a principal promessa eleitoral – o titulo nacional de futebol. O de futsal já era uma realidade mas não chegava sequer para promessa…apenas para LFV aparecer de tronco nu perante as câmaras de TV…

Começa o EstorilGate
Lembrou-se então de convidar José Veiga, que há muito tinha sido desmascarado por PdC como o homem que fez fortuna com uma “pá de pedreiro”. José Veiga era à época presidente da SAD do Estoril-Praia, clube que tinha descido à 2ª Divisão B mas que desde que entrou no clube, este teve uma subida meteórica até à 1ª Liga. Veiga utilizava o clube canarinho como porta de entrada e saída para muitos jogadores brasileiros. Foram feitos muitos negócios mas nenhum beneficiou financeiramente o Estoril – recorde-se que Veiga também era o dono do Bom Sucesso, um pequeno clube brasileiro. Lembro-me de ver o Estoril-Praia a jogar bom futebol mas a ser sistematicamente ajudado por factores a que muitos chamavam de "sorte". A verdade é que o Estoril subiu de divisão e Veiga é convidado para o Benfica. Contudo os regulamentos não deixavam que este acumulasse os dois cargos – o de presidente e accionista da SAD do Estoril com as de director desportivo do Benfica. Nada mais fácil de resolver – LFV já tinha feito o mesmo com o Alverca na época de Vilarinho – e vendeu a sua participação a três empresas inglesas que nunca se soube muito bem a quem pertenciam e que tinham sede social em paraísos fiscais. Resolvida essa questão com a estranha conivência da CMVM e da Liga presidida por Valentim Loureiro eis que Veiga entra no Benfica – começava então a época das beijocas.

Estávamos em 2005 e o FC Porto tinha acabado de conseguir tudo aquilo que LFV tinha prometido aos adeptos benfiquistas – domínio em termos europeus, a conquista de provas internacionais, a espinha dorsal da Selecção Nacional…

LFV tinha obrigatoriamente de “fazer as coisas por outro lado” e Veiga era a peça chave do seu plano. No Estoril, este já tinha provado que mais do que ninguém conseguia mexer os cordelinhos das nomeações, dos sumaríssimos, das promessas vãs a jogadores adversários e como extra o Benfica teria menos um adversário no campo – o Benfica começava o campeonato com 6 pts a mais do que os restantes adversários. O Estoril era na teoria o Benfica B.

Em troca, Veiga decidiria qual o treinador e teria controlo absoluto sobre transferências ganhando com isso as habituais comissões mas sobretudo a protecção de se trabalhar para o Benfica. Recorde-se que Vale e Azevedo apenas foi preso depois de ter saído do clube e apenas quando isso deu jeito aos da sua laia.

O campeonato foi um autêntico desfile de ladrões equipados de negro. Trapattoni é um senhor do futebol e sabe imenso da poda, mas o seu desconhecimento do futebol português aliado a uma equipa medíocre onde pontificavam jogadores como Karadas , Delibasic , Everson , Carlitos, Sokota , Bruno Aguiar entre outras pérolas da arte de bem jogar futebol era manifestamente muito pouco para almejar o titulo. Mas, e já dizia o Carlos Cruz – existe sempre um mas - com Veiga e as suas beijocas aliado a um ano atípico do FC Porto com três treinadores tudo seria possível. E foi.

Entre muitos roubos de igreja, foquemo-nos nos dois jogos com o Estoril de Veiga.

Na primeira volta, no jogo disputado na Luz os jogadores canarinhos ainda não tinham bem noção de quem é que lhes pagava os ordenados e fazem uma primeira parte em que dominam o Benfica. Chegado o intervalo, foi tornado público por Paulo Sousa (emprestado pelo Boavista) que Petit exigiu que estes abrandassem o ritmo de jogo e que deixassem de meter o pé. Paralelamente, o árbitro do desafio recebia uma camisola do SLB como “recuerdo” durante esse mesmo intervalo. A cama estava feita e o homem de negro até calçava botas com o símbolo da águia. Tudo coisas normais de acontecerem numa competição profissional. Espanta-me que o apito não tivesse também ficado em casa. O Benfica acabou por ganhar o jogo e recordo a indignação de parte do plantel e equipa técnica do Estoril no final do encontro.

A roubalheira espalhou-se por todos os campos em que o Benfica jogava e a par de 1994 foram muitos os jogos ganhos depois do tempo regulamentar ou com as célebres faltas apitadas ao contrário ou penalties e fora de jogo fantasma.

Ainda assim, o Benfica jogava mal e tinha muitas dificuldades para vencer. O FC Porto conseguia chegar à recta final do campeonato colado aos encarnados e o xeque-mate de Veiga seria feito aquando da visita do SLB à Amoreira, num campo tradicionalmente difícil para os grandes.

Veiga já estava avisado que Litos e Carlos Xavier tentavam blindar o balneário canarinho das influências patronais e decide dar ordens à administração do Estoril presidido por António Figueiredo (ex-dirigente benfiquista) para que este aceitasse a “sugestão” de o desafio ser jogado no Algarve. A administração estorilista acede com a naturalidade de um empregado que acata as ordens patronais e informa o plantel disso mesmo. O jogo era marcado para o Algarve com a anuência da Liga.

Nota de triporto: Nesta altura a Liga era comandada por Cunha Leal, ex-dirigente benfiquista...


Porém, Litos, Xavier, sócios e alguns jogadores nucleares do clube da linha reclamam da decisão alegando que o Estoril precisava de pontuar para se manter na 1ª Liga e que jogando no seu campo as hipóteses de somar pontos seriam naturalmente maiores. Nada feito. As ordens estavam dadas e o argumento ia no sentido de que era a única forma de os ordenados em atraso serem pagos. Era mais importante o aspecto financeiro do que o desportivo mas a verdade é que a descida de divisão trazia muito mais problemas económicos do que o não pagamento dos ordenados, mas como a questão dos vencimentos já tinha sido acautelada meses antes, naquela que foi a preparação psicológica para que os jogadores sentissem mais do que nunca a necessidade de receber dinheiro para pagar as contas…o desespero financeiro de alguns seria mais forte do que a sua moral desportiva.

Litos e Xavier não se calaram e Veiga tinha um problema para resolver em plena semana de jogo. Os treinadores canarinhos utilizavam diariamente o escândalo de terem que ir jogar ao Algarve para motivarem o plantel para o jogo das suas vidas, fazendo ver a estes que a vitória era o único resultado positivo para calarem os rumores de pressão externa e que ficando na 1ª Liga seria vantajoso para todos a nível desportivo – um jogador que desce tem menos chances de fazer bons contratos do que aqueles que conseguem a manutenção.

Veiga decide enviar um familiar trajado de capanga ao Estoril e este irrompe pelo campo durante um treino. É a revolta de Litos e Xavier que conseguem expulsar aquele que mais tarde acaba por se encontrar com alguns jogadores no Bar do Campo situado na parte exterior do Estádio da Amoreira.

Enquanto a grande parte dos intervenientes guarda para si as indicações do emissário de Veiga, existiram dois jogadores que falaram com a equipa técnica relatando o sucedido durante o almoço bem regado. Reza a história de que alguns teriam tido a promessa de envergar na época seguinte a camisola encarnada ou no mínimo de ingressar em clubes de maior nomeada pela mão daquele que já tinha sido o principal empresário do mundo – José Veiga.

Chegado o dia de jogo aconteceu aquilo que todos sabemos. Os jogadores do Benfica jogavam em casa perante 30000 benfiquistas ávidos de interromper o jejum de 11 anos e o Estoril teria que enfrentar duas equipas e meia – o adversário, os homens de negro e metade da sua própria equipa.

Surpreendentemente o Estoril coloca-se em vantagem ainda que aos 25 minutos um dos jogadores presentes no almoço já tivesse sido expulso. O jogo vai para intervalo e a segunda parte trás mais do mesmo, com um Estoril aguerrido pela enorme disponibilidade moral de jogadores como Dorival , Abadito , Jorge Baptista, Elias, João Pedro e Torres. O resultado teimava em manter-se apesar da ajuda de Hélio Santos para empurrar o SLB para dentro da área do Estoril. Depois de muita pressão, Luisão marca o golo do empate aos 75 minutos mas não chegava pois o FC Porto continuava muito perto. Aos 78 minutos Hélio Santos expulsa o avançado João Paulo que tinha rendido Moses aos 55 minutos. O Estoril passava a jogar com 9 jogadores e foi com naturalidade que assistimos ao golo de Mantorras 4 minutos depois.

O resultado de 1-2, a exibição dos árbitros e alguns jogadores do Estoril confirmavam os maiores receios de quem queria acreditar em justiça desportiva. Tinha sido notória a anormalidade de certas jogadas.

No final, Litos diz tudo o que lhe veio à cabeça perante um grupo de jornalistas que não escondiam a alegria de ver o Benfica perto de ser campeão 11 anos depois. No dia seguinte as capas dos jornais falam em festa do futebol e esquecem as manigâncias do desafio. Dias depois, Litos esclarece que foi ameaçado de despedimento por Veiga.

Mas como, se Veiga não tem ligações ao Estoril? Perguntavam algumas inteligências jornalisticas.

A verdade é que o Benfica foi Campeão Nacional, o Estoril desceu de divisão, os ordenados não foram pagos, Litos e Xavier foram mesmo demitidos e Rui Duarte, Paulo Sousa, Moses , Cissé Fellahi , Amoreirinha e Yanick não foram para o Benfica à imagem do que aconteceu noutras alturas com jogadores como Nuno Assis, Fonte, Marco Ferreira…

Durante toda a época de 2004/05, os dirigentes do Benfica foram vistos e ouvidos a combinarem nomeações de árbitros, a terem menos adversários do que os restantes competidores, jogando duas vezes em casa, a almoçar e a jantar com intervenientes do jogo, a oferecer beijocas e empregos em algumas empresas ligadas ao Benfica e seus dirigentes…tantas coisas que daria um texto maior do que este.

Nada serviu para fazer Maria José Morgado reabrir processos que já tinham sido arquivados apesar das provas e testemunhos de pessoas credíveis. A CMVM decidiu 3 anos depois multar Veiga com a quantia “astronómica” de 30 000 euros por ter ficado provado para esta que o “senhor das beijocas” teria tido participação numa sociedade aberta e outra cotada sem ter feito a declaração disso mesmo.

A imprensa reagiu a este escândalo com pequenas notícias ou notícias nenhumas.

O MP assobia para o ar.

A imprensa assobia para o ar.

Para todos os efeitos, o apito encarnado não existiu. Ou será apito de cristal? Não interessa. Não existiu. Não existe.

Existirá?

PS: Voltarei ao assunto daqui a uns dias...

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